domingo, 14 de julho de 2013

Pão no prato

  Eu estava na casa de uma amiga conversando e rindo quando reparei que minha barriga começava a roncar. Não só eu, mas minha amiga também ela até me ofereceu comida, por um instante pensei em aceitar e foi então que lembrei que na minha casa tinha pão. É raro em casa ter pão, normalmente tem aqueles industrializados e que se dizem lights. Era pão francês, o cheiroso e belo pão francês. Tudo bem que era de dois dias atrás, estava lá na prateleira mofando, mas dava para fazer o que eu estava pensando na verdade ficaria muito melhor do que se fosse um pão que tivesse acabado de sair do forno. Recusei a oferta de comida de minha amiga e fui correndo para casa dizendo que tinha coisas excepcionais para fazer. Com certeza vocês não estão entendo o porque do pão, lhes explicarei: quando pequeno, há mais ou menos quinze anos atrás, minha avó me dava como café da manhã pão francês todo picotado no prato e dissolvido com café, leite, açúcar e de vez em quando achocolatado (nunca fui muito adepto de chocolate). Eu me esparramava naquele prato, comia tudo ferozmente. Exigia sempre mais e mais, tinha até uma frase específica para pedir: "Vó, faz pão no prato com café com leite e coloca na minha boca?". Era um tipo de comida exótica e totalmente banal.
  Cheguei em casa fui esquentar o leite de uma forma super apressada como se estivesse atrasado para algo, enquanto esquentava eu ia picotando o pão em uma tigela. Depois de quente derramei o leite na tigela, depois o café e por fim o açúcar... peguei uma colher, mexi um pouco e fui com a tigela em mãos para a sala.
  Na primeira colherada me vieram inúmeras lembranças a cabeça: eu ao lado da minha vó em nossa casa miúda de apenas dois cômodos - eu comendo e a minha vó me olhando -, meus primos que moravam na casa ao lado chegando da escola e olhando aquela gororoba com caras estranhas. Vou a fundo e lembro mais... Vejo-me brincando na rua, na verdade fugindo de casa para brincar na rua. Encontro meu pai gordo e cabeludo chegando todo sujo do trabalho e minha mãe baixinha com uma saia florida sorrindo para mim. Relembro de todos nós unidos naquela pequena casinha tentando por um televisão muito antiga para funcionar... Uma lágrima escorre do meu olho esquerdo e eu convulsivamente não paro de comer. 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Pois é

Eu senti um adeus. Não queria escrever porque escrever é reviver e isso me dói. E quantas vezes junto a você fiz idiotices, ri como se não houvesse outra coisa melhor na vida. Sonhei, sonhei, sonhei. Não quero escrever, não quero falar. Talvez essa seja a minha maior magoa. Não nego-me a sentir o que for necessário, mas tem doido. E vai continuar a doer. Sorrisos, só me vem sorrisos a cabeça. E eu senti um adeus.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Me empresta a sua borracha?

Já não tenho mais nada... Não, eu tenho sim. Tenho o meu humor, o que já não é tão engraçado como fora uma vez. Tenho também alguns objetivos que são independentes, o que é um perigo. Tenho ainda uma dor de garganta irritante. Supérfluas, coisas supérfluas. Tenho sim amigos, mas esses já não me satisfazem. Não sei se fui egoísta nesta ultima frase, porém não estou com tempo para avaliar minhas palavras. Resta-me a vontade, ela eu tenho de sobra. Quero muito olhar para você e ficar feliz pelo o que eu consegui, cochichar nos seus ouvidos e depois dar muitas risadas. Não ter medo de andar com um sorriso bobo e por vezes tropeçar nas ruas pelo fato de estar olhando para o céu. Eu vou tentar, quero tentar... Acertar uma vez seria engraçado. Quero fazer de tudo, se possível tornar-me ator da Globo só para que você saiba que eu existo ou então pedir uma borracha emprestada ou melhor ainda te dar um “oi”. Vou caminhando ao teu encontro pensando em formas de te seduzir. Não tenho nada a perder. Eu só quero ganhar algo pelo menos uma vez. Eu só quero te ganhar.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Junção de frases

De vez em quando eu gostaria de sumir. De vez em quando eu gostaria de caminhar sem rumo, pegar um ônibus e partir. Partir para um lugar que nem o atlas conseguiria reconhecer. De vez em quando seria interessante se eu me tornasse um desconhecido no grupo social do qual eu participo. Não mais do que de vez em quando eu gostaria de não me importar. Mas de repente, não mais do que de repente percebo que tudo o que estou escrevendo e pensando é ilusão. Mentira, tudo mentira.  A vida é uma passagem estreita e escura, não sei se isso faz sentido. Eu vivo, vou vivendo. Com algumas ressacas sentimentais, desentendimentos fraternos e desamores vou caminhando com as costas arqueadas de tanto peso. Se sentir forte é sinal de fraqueza. E neste momento, ter algo é a mesma coisa que não ter nada. Com medo, sempre com medo, porém destemido olho para o céu e vejo que de repente, não mais que de repente sei que meus olhos ainda conseguem brilhar ao ver um mar que não tem água.